Barreiras éticas da Guerra
Matar a grande distância não era aceitável eticamente, como mostra Cuomo ao citar uma frase atribuída a um rei de Esparta, Arquidamo, que reinou de 338 a.C-221.a.C. Segundo o grego Plutarco (46?-120 d.C.), ao ver um dardo lançado de uma catapulta, o rei espartano gritou indignado: "Por Heracles, isso é o fim do valor de um homem". Heracles é o semideus Hércules dos romanos, nome mais conhecido hoje. É difícil dizer se esse tipo de atitude era comum ou não. "Eu acho que ainda não se fez muita pesquisa a esse respeito, e essa é uma das áreas em que eu estou trabalhando agora para o livro que estou escrevendo", diz Cuomo. As novas armas foram criadas para funções específicas, ligadas menos à batalha campal e mais aos assédios de cidades muradas. Esparta era a cidade-Estado grega mais militarizada, uma verdadeira Prússia da Antiguidade. Tanto que os espartanos desdenhavam construir muros em volta da cidade. Os muros, diziam os espartanos, eram os escudos redondos dos seus hoplitas, os "hoplon" (de onda deriva a palavra "hoplita", que designa o guerreiro grego clássico). Mas a tecnologia tem o dom de desprezar tradições. A palavra grega "katapeltes" significa justamente "penetrador de escudos". As primeiras armas que recebem o nome genérico de catapultas eram uma espécie de arco e flecha anabolizado, apoiado na barriga (daí o seu nome, "gastrafetes" --"gastro" significa estômago, em grego). Foram aperfeiçoadas depois que foram sendo descobertas formas melhores de usar a energia acumulada nas cordas retesadas que serviam como "molas". Uma dessas armas baseadas na torção era a "oxybeles", capaz de penetrar com um dardo pesado um escudo de ferro a 400 metros de distância. O rei Arquidamo tinha razão em reclamar. Os gregos e seus sucessores macedônios não chegaram a usar com freqüência catapultas em batalhas campais. Nem tanto pela ideologia, mas pela dificuldade em transportar e armar, além da cadência de tiro pouco rápida que inviabilizava táticas de "choque e pavor".
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